"O Sheik" 06


CAPÍTULO SEIS
— Você precisa vir comigo agora.

Demi estava anotando um pedido quando Joe parou ao seu lado na sorveteria. Ele estava com um temo preto e um turbante árabe que cobria os cabelos negros. Roupa típica de trabalho.

— O que está fazendo aqui?

— Preciso de sua ajuda agora.

— Não posso sair assim de repente.

— Ah, pode sim, querida — disse a senhora de cabelos verme­lhos e com batom da mesma cor que Demi atendia. — Se um estranho bonito assim me abordasse, eu sairia na hora.

— Ele não é um estranho — disse Demi.

— Sou marido dela, nós nos casamos ontem — Joe a inter­rompeu.

A senhora ruiva arregalou os olhos e voltou a atenção para Demi.

— E você está trabalhando?

Joe abriu um sorriso cúmplice.

— Foi isso que eu disse a ela. Nós podíamos estar em uma praia particular no Mediterrâneo, onde ela não precisaria trabalhar.

— Querida, se for o meu pedido que a estiver impedindo de sair, deixe que eu mesma pego o meu sorvete — sugeriu a cliente.

Sentindo-se presa em uma armadilha, Demi rangeu os den­tes e direcionou sua raiva para Joe.

— Meu querido, você sabe muito bem que preciso trabalhar para manter você nas suas roupas de alta-costura.

Joe nem ligou para a falsa insinuação.

— Eu prefiro que você me mantenha sem roupas.

A senhora ruiva começou a rir alto e atraiu a atenção de Mimi, que também se aproximou.

— O que está havendo aqui?

— Acho que não fomos apresentados ainda. Sou o sheik Joe Saalem, marido de Demi. — Joe estendeu a mão para cumprimentá-la.

— Eu me lembro de você. — Mimi deu a mão a ele, ligeira­mente corada. — Deus do céu, como você é bonito. Meu Johnny, que Deus o tenha, era tão atraente como você, mas não tão alto. Você veio ver sua esposa?

— Preciso roubá-la por algumas horas.

— Vamos, leve-a logo daqui — Mimi pediu a Joe.

— Mas não posso sair agora, bem no horário de almoço — Demi protestou, sentindo-se traída.

— Claro que pode, querida. Temos outras pessoas para aju­dar. Agora, corra e tome conta de seu marido.

Na realidade, Demi queria cuidar de Joe, tirar o avental e beijar aquela boca sexy. Em vez disso, limitou-se a passar o bloquinho para Mimi e dar um suspiro de frustração.

— Está certo, mas voltarei logo. — Em seguida, tirou o aven­tal, colocou-o debaixo do balcão e apanhou a bolsa. — Espero que seus motivos sejam muito bons mesmo.

— Garanto que sim — disse Joe, saindo da sorveteria logo atrás dela.

Na calçada, Demi olhou para os dois lados e não viu carro algum. Lógico que ele não tinha ido até lá de ônibus.

Joe apontou na direção de um Rolls-Royce prateado e con­versível, estacionado não muito longe dali. Claro, só o melhor, pensou ela.

He abriu a porta para ela, que entrou e se sentiu abraçada pelo estofamento de couro macio.

— Posso saber para onde está me levando? Espero que não pretenda me levar de volta ao hotel — disse ela séria, apesar de sentir a temperatura do corpo subir.

— Tenho uma coisa que quero lhe mostrar.

— Eu já vi, Joe — protestou ela.

Ele ligou o carro e olhou para o lado com um sorriso ma­treiro.

— Bem que eu gostaria que você me examinasse de novo, mas não é esse meu objetivo. Pelo menos não agora.

Demi não soube explicar a ligeira frustração que a abateu.

— O que é então?

— É uma surpresa, e acho que você vai gostar — disse ele, seguindo o trânsito da avenida.



Não havia nada que a surpreenderia mais do que a noite anterior. Dando-se por vencida, ela decidiu aproveitar o vento no rosto, agradecendo por estar de cabelo preso e não se parecer com a Medusa quando chegassem ao destino.

O dia estava maravilhoso quando Joe pegou uma alameda que ladeava a praia. Os raios de sol iluminavam as areias claras e o mar esverdeado. Demi encantou-se com a vista que ainda não tivera tempo de curtir desde que chegara a Boston. Mas foram as casas suntuosas de frente para a orla que mais chama­ram sua atenção.

Chegou a comentar com Joe, mas ele se limitou a sorrir, mostrando que não estava muito interessado na história local.

Quarenta minutos mais tarde, Joe entrou numa rua ladeada por árvores altas e estacionou em frente a uma casa deslum­brante. Era uma construção no estilo colonial de dois andares com um imenso jardim com árvores demarcando o terreno. Demi imaginou o caleidoscópio de cores que aquelas folhas assumiriam quando chegasse o outono. Por enquanto o ver­de da grama e das cercas vivas, bem aparadas, dominava a paisagem. O jardim contrastava com o estado das janelas de madeira e das chaminés duplas.

Demi sorriu diante da realização de seu sonho de uma casa elegante.

— Esse lugar é incrível, mas o que estamos fazendo aqui?

Joe estacionou o carro e desligou a ignição.

— Você vai ver.

Antes que ela dissesse mais alguma coisa, ele desceu e cor­reu para abrir a porta do passageiro. Demi desceu e respirou fundo, sentindo o perfume da maresia, e o seguiu pelo caminho de seixos até as portas da mansão.

— Quem mora aqui?

— Nós — respondeu ele, tirando a chave do bolso.

Demi ficou boquiaberta e sem palavras ao segui-lo para um hall de entrada de tirar a respiração até mesmo de pessoas mais estoicas.

O pé direito tinha cerca de seis metros, e uma escada larga, acarpetada de azul, serpenteava até o segundo andar. Tomada pela curiosidade, ela seguiu até o pé da escada, abaixou-se e levantou a ponta do carpete para encontrar degraus de madei­ra. Lembrou-se dos projetos de decoração que gostava de fazer e logo imaginou que um papel de parede bonito em algumas paredes acrescentariam mais charme ao local e... Espere um instante, pensou, dando um passo atrás. Será que tinha ouvido direito o que Joe dissera? Ao se virar para ele, encontrou-o com uma expressão de felicidade.

— Se bem me lembro, você disse que não tinha casa.

— Era verdade até essa manhã.

— Como?

— Eu comprei â casa hoje de manhã.

— Assim... sem mais nem menos?

Joe respondeu que sim com a cabeça.

— Isso quer dizer que você acordou, tomou café, uma ducha, veio passear na costa e descobriu essa casa do nada?

— Na verdade, falei com Daniel e disse da minha intenção, e ele sugeriu esse lugar. A casa foi construída nos anos de 1800 e passou anos em uma disputa judicial, razão por que está nesse estado.

— É linda... — disse Demi, imaginando que a reforma seria o sonho de qualquer decorador.

— Ainda leva uns dias para a papelada ficar pronta — Joe continuou. — Mas já podemos nos considerar proprietários.

Nossa! Casar-se com Joe tinha sido uma coisa, Ter um fi­lho dele, outra, mas possuir uma casa juntos? Até então aquela união parecia um casamento de verdade, algo grandioso demais quando comparado a para o que Demi tinha se preparado.

— Como é que você decidiu comprar uma casa para nós sem me consultar?

— Se você não estivesse tão focada no seu trabalho, até pode­ria ter falado com você. Daniel me disse que você já trabalhou com design de interiores, por isso achei que fosse gostar de decorar essa casa.

— É verdade. A casa precisa ser reformada. — Demi seguiu até o batente onde Joe estava apoiado e passou o dedo sobre a pintura. — Alguém passou massa sobre o mogno e cobriu o piso original. Acho que a casa precisa ser restaurada e voltar ao seu estado original.

— Confio em você para executar o projeto.

Demi o encarou, procurando disfarçar a euforia de assumir a obra.

— Vamos precisar de muito dinheiro e tempo.

— Nenhum dos dois é problema para mim. Tenho certeza de que há bons empreiteiros em Boston que poderiam assumir o trabalho. Daniel está pesquisando para mim.

Daniel, pensou Demi, prevendo o que diria a ele também. Se bem que não podia culpá-lo, pois ele achava que os dois es­tavam felizes com o casamento e planejando um futuro juntos. Ter uma casa fazia parte da sequencia natural das coisas. Aliás, uma mansão estonteante.

Mesmo não tendo sido consultada, Demi podia reassumir o controle, gerenciando a reforma.

— Vamos ver o restante da casa?

Demi parou, lembrando-se de que precisava estabelecer al­gumas coisas antes de se apaixonar completamente pela casa.

— Primeiro temos de decidir o que será desta casa quando não estivermos mais juntos.

— Você está falando no divórcio? — perguntou ele, mudando a expressão do rosto..

— Exatamente — ela respondeu, reagindo à súbita ira de Joe.

— A casa será sua. Não preciso dela se não tiver uma família.

Demi arrependeu-se da falta de consideração quando perce­beu o tom de voz dele. Afinal, ele tinha proporcionado um lar a ela e ao provável filho.

— Desculpe-me, Joe. A casa é linda de fato, mas eu gostaria que tivesse me consultado primeiro.

— Não tive tempo. Você saiu correndo para trabalhar. — Ele cruzou os braços, parecendo mais poderoso e menos bravo. — Acredito que resolvemos nosso problema de moradia. Há qua­tro quartos lá em cima, um para nosso filho, outro planejo mon­tar meu escritório. Você se encarrega em decidir o que faremos com os outros dois.

— Podemos discutir isso mais tarde. — Demi estendeu a mão para ele. Um gesto de amizade, convenceu-se, embora soubesse que o menor contato físico com ele era desconcertante. — Va­mos ver o restante da casa?

Em vez de aceitar tomar a mão dela, Joe gesticulou para a sala.

— Logo depois de você...

Demi sentiu uma pontada no coração ao ficar com a mão parada no ar. Não podia culpá-lo. Afinal, ele tinha sido tão ge­neroso, e ela tinha arruinado a magia do momento lembrando o divórcio. Mas pensar que o casamento podia ser eterno a ame­drontava, principalmente o fato de não estar mais no controle de sua vida. Por outro lado, era preciso considerar que, sempre que estava ao lado dele, esquecia-se da razão, ouvindo apenas a voz do coração, que clamava que aquele casamento se tomasse algo mais do que um simples acordo.

Em silêncio, entraram juntos na sala de estar, um cômodo enorme com apenas uma lareira de tijolos pintados de branco num canto. Joe abriu uma porta de correr que revelava uma provável sala de jantar com um pé direito alto, paredes cinza, emolduradas por gesso branco. Havia um enorme lustre de cristal pendurado no centro da sala. A madeira rangeu quando Demi pisou no assoalho.

— Essa é a suíte máster — anunciou Joe.

— Mas é grande demais para ser um quarto! — exclamou Demi, arregalando os olhos.

— É verdade — ele concordou, sorrindo. — E aqui é o banhei­ro, modernizado por uma ducha e uma banheira em que cabem dois.

A imagem dos dois tomando banho juntos e fazendo amor se infiltrou na mente de Demi. Como pretendia não se ligar emocionalmente a um homem com quem dividiria a casa e a mesma cama? Ou a mesma banheira?

— E bacana — disse ela, simplesmente. — Como serão os móveis?

— Deixo isso a seu critério. Abri uma conta em seu nome na melhor loja de móveis da cidade. Você pode escolher o que quiser.

— Você não quer participar do processo?

— Prefiro deixar por sua conta, contanto que a cama seja con­fortável e aconchegante.

Joe merecia a cama que quisesse, mas não necessariamente a mesma que ela. Já que havia mais quartos, poderiam ficar separados. Sim, aquela seria a melhor solução se quisesse se manter distante emocionalmente, embora a ideia não fosse nada atraente. Teria de abordar o assunto sem deixá-lo mais bravo.

Demi abriu as portas de correr que apresentavam uma va­randa amurada com piso de tábuas. Dali podia-se ver o porto e vários tipos de embarcações desfilando no mar. Para melhorar a vista, só mesmo um belo pôr de sol, ela concluiu.

— Que espetáculo bonito...

— O muro garante privacidades se estivermos sentados aqui.

Mesmo sem olhar para trás, Demi sentiu a presença dele logo atrás pelo perfume da colônia que combinava perfeita­mente com a voz sensual.

— Acho que podemos colocar uma mesa e algumas espregui­çadeiras, onde poderemos tomar café sem roupas.

— Há muitas outras coisas que podemos fazer sem roupas — disse ele, com a voz baixa e encantadora.

As palavras ficaram suspensas no ar junto a uma tensão momentânea.

— Você não disse que há mais quartos no andar de cima? — Demi perguntou, intrigada pelo tremor na voz.

— Sim. Essa suíte foi construída depois e não tem nada a ver com os outros cômodos. Há um quarto no fim do corredor que pode servir de berçário enquanto nosso filho for bebê.

— Isso é ótimo.

Mas não tanto quanto a proximidade perigosa dele, pensou Demi, muito menos as mãos em seus ombros e a reação ines­perada de seu corpo.

Foi preciso se segurar para não virar e enlaçá-lo pelo pes­coço e deixar-se dominar pela forte química que havia entre ambos. Enquanto decidia se render à glória de ser abraçada, Joe tirou as mãos dos ombros dela e se afastou, rompendo a magia do momento.

— Vamos subir? — perguntou ele.

Ao encará-lo, viu o brilho da volúpia nos olhos dele, o mes­mo que devia reluzir em seus olhos.

— Vamos, sim — ela concordou, deixando perceptível o quanto estava sem graça. — Gostaria de ver a planta dos quar­tos. Tenho certeza de que encontrarei um que satisfaça minhas necessidades.

— Suas necessidades? Você não gostou desse quarto?

— É lindo, mas acho que deve ser seu.

— Pensei que fôssemos dividir o mesmo espaço.

Apesar de ele não ter gostado da sugestão, Demi se manteve firme.

— Não acho que seja uma boa ideia.

Joe encurtou a distância que os separava e passou o dedo ao longo do maxilar dela. Era a primeira vez que ela via ternura naquele olhar.

Só estou pedindo uma chance para nos conhecermos melhor. É importante para mim. Quero também proporcio­nar o melhor para você e o bebê. Espero que me permita ao menos isso. Prometo que não vou tocá-la, a não ser que me peça.

Demi reconsiderou que podia dividir a cama com ele, con­tanto que evitasse qualquer intimidade se ela estivesse mesmo grávida. Recusava-se a deixar que ele controlasse sua vida e o coração. Mas observá-lo com aquele olhar meigo e todo aquele charme levou-a a uma conclusão. Morar com ele seria muito difícil, pois era quase inevitável se apaixonar.

O caminho de volta foi feito em silêncio. Joe ainda estava pensando na preocupação de Demi sobre o que fariam com a casa no caso de uma separação. Na verdade, a preocupa­ção maior era com ele mesmo. Ele se recusava a ser banido da vida dela, ainda mais se houvesse uma criança envolvida. Teria de arrumar argumentos irrefutáveis de que precisavam morar juntos. Como faria isso permanecia uma incógnita. Ou talvez não, pois o desejo entre eles era inegável e seria algo que poderia ser usado em favor dele. Isso e o fato de que se separariam em breve.

Enquanto Demi examinava os quartos, ele tinha recebido um telefonema de um investidor requisitando seus serviços. Apesar de preferir não se ausentar, foi forçado a marcar uma reunião na Europa se não quisesse perder um negócio lucrativo.

A distância seria a cura ideal para a indecisão de Demi. Re­cusava-se, porém, a admitir que ela pudesse não sentir sua falta.

Quando estacionaram na frente da sorveteria, Joe ergueu a capota do carro para ter mais privacidade e encarou-a.

— Tenho de lhe dizer uma coisa. Preciso viajar a negócios imediatamente.

— Hoje? — indagou ela, não gostando da ideia.

— Esta noite.

— Então não poderemos... — Ela gesticulou sem graça antes de cruzar as mãos no colo sem jeito. — Você sabe do que estou falando.

— Fazer amor? Lamento, mas terá de esperar.

— Não posso, tenho apenas mais dois dias férteis.

— Bem, se você ainda não estiver grávida, creio que teremos que adiar até o mês que vem. — Ele, certamente, ficaria louco se até lá não pudesse tocá-la, mas procurou relevar o assunto.

— Você vai ficar um mês fora? — o tom de frustração na voz de Demi o deixou feliz.

— Prevejo algo em torno de duas semanas.

Demi ficou em silêncio, pensativa antes de perguntar:

— Qual é o horário do voo?

Às seis horas da tarde.

— Mas só saio da Cyrusssa às sete.

Joe colocou a mão sobre as coxas dela e acariciou de leve.

— Bem, o trabalho nos chama.

— Acho que tem razão.

Demi brincava com o botão da blusa e o simples gesto fez subir a temperatura de Joe, o corpo adquirindo vida própria. Ele a desejava e queria que a recíproca fosse verdadeira. Se­ria ótimo se conseguisse convencê-la a passar aquelas últimas horas em sua companhia. Contudo, não o faria com palavras. Assim, insinuou a mão por baixo da saia dela, movimentando os dedos bem devagar.

— Você tem certeza de que precisa mesmo voltar para o trabalho?

— Não... — ela respondeu, sem olhar para o lado. — Quero dizer, sim. Mimi deve estar imaginando onde estou.

Com a outra mão, Joe tomou o queixo dela, forçando-a virar para poder beijar-lhe a boca. Demi correspondeu com paixão, tal como ele, um gesto bem mais efusivo de demonstrar seus sentimentos, apesar de dizer o contrário.

— Vamos para o hotel — ele convidou, afastando-se um pouco.

Joe viu uma nesga de indecisão nos olhos dela, mas que foi logo substituída pelo brilho da determinação.

— Preciso voltar ao trabalho, e você tem de arrumar as malas.

— Tem certeza de que não quer construir memórias para quando eu estiver longe? — indagou ele, ousando mais um pou­co nas carícias na parte interna da coxa de Demi.

— Não podemos fazer amor aqui, em plena luz do dia — ela protestou, fechando as pernas com força.

Joe se inclinou mais um pouco para alcançar-lhe os ouvidos.

— Existem muitas maneiras de se fazer amor, Demi, não im­portando o lugar. Estou disposto a mostrar cada uma delas.

Demi puxou a mão dele, convicta.

— Acho que temos de lembrar os termos do nosso acordo. Não faremos amor depois que eu engravidar. Caso contrário, complicaremos tudo.

— Está certo, só iremos para a cama se essa for a sua vonta­de. — A determinação dele minou as defesas de Demi, tal qual ela havia feito antes, deixando-o louco de raiva por não poder saciar seu desejo. — E você vai pedir, Demi. Tenho certeza.



Depois de quinze dias, dez horas e vinte minutos que Joe tinha partido, Demi ainda encontrava tempo para pensar nele, apesar de estar com o tempo dividido entre a reforma da casa e o tra­balho na Cyrusssa.

A todo instante era invadida pelas lembranças dos beijos, dos carinhos e da noite em que tinham feito amor. A saudade le­vou a certeza de que dormiriam separados quando ele voltasse.

Fazia dois dias que tinha desocupado o apartamento e le­vado o que tinha trazido de Montana para a casa nova. A suíte máster já estava pronta. As paredes tinham sido revestidas por um papel de parede rosa-claro, o banheiro tinha ganhado lou­ças italianas e as madeiras do piso haviam sido substituídas. A primeira leva de móveis já tinha chegado, incluindo uma cama kingsize com dossel, a única coisa que tinha encomendado até então. A perspectiva de dormir ali sozinha ampliou o vazio em seu coração desde a partida de Joe. A solidão era a mesma que sentira antes de se mudar para Boston.

Conversara algumas vezes com Miley, feliz por a prima não estar mais tão aborrecida, mas nem isso preenchia a lacuna de sua alma. Nem tampouco os telefonemas de Joe, na maioria das vezes para a Cyrusssa. Ele não dizia muita coisa, mas o tom de sua voz o traíra, evidenciando as saudades.

Demi achou melhor assim, pois já tinha emoções demais dominando os próprios pensamentos. Seria melhor manter o relacionamento com Joe num nível prático, a menos que esti­vesse grávida. Em minutos saberia o resultado do exame. Esta­va atrasada havia apenas três dias, mas o teste garantia que era tempo suficiente para saber o resultado.

Enquanto se arrumava para ir trabalhar, tinha procurado não olhar para o bastão do teste de farmácia para checar o resultado, apesar da curiosidade máxima.

De frente ao espelho, Demi fez uma trança no cabelo en­quanto os segundos arrastavam-se em horas. Escovou os den­tes, ansiosa para olhar para o lado. Enquanto passava uma ma­quiagem leve, o alarme tocou. Havia chegado o momento da verdade.

Depois de tantos minutos de apreensão, em vez de olhar logo, Demi ficou paralisada, com medo de se frustrar.

Foi só após tirar uma mancha de batom do rosto que pegou o bastão com a mão trêmula e o coração em descompasso. Olhou para o visor, desviou o olhar e olhou de novo. Ali estava final­mente a resposta de seus sonhos.

Positivo.

Estava grávida. Grávida e perplexa, feliz e amedrontada, celebrando o milagre com lágrimas nos olhos. Pena não poder compartilhar a notícia com o pai da criança. Pensou em ligar para Joe, mas receou atrapalhar o dia de trabalho ou mesmo se aquele tipo de notícia devia ser dada por telefone.

Ele havia dito que chegaria em duas semanas. Talvez tivesse sido melhor esperar para fazer o teste, mas, de certa forma, não esperava pelo resultado positivo. E, quanto antes descobrisse, melhor. Agora podia começar a se preparar, marcar consulta médica, mudar os hábitos alimentares e parar de ingerir tanta cafeína. Havia atingido seu objetivo e não tinha mais razão para se deitar com Joe. Não havia necessidade de fazer amor com ele, mas isso não diminuiu o desejo.

Demi passou o dia circulando pela sorveteria, radiante de felicidade. Ficou melancólica apenas quando serviu uma famí­lia com duas menininhas encantadoras. Sentiu um aperto no co­ração ao testemunhar o carinho como eram tratadas pelos pais, que volta e meia trocavam olhares cheios de amor. Imaginou como seria ter uma relação como aquela com um homem que deixasse seu amor transparecer até para um estranho e um filho que a olhasse transbordando de amor. Pelo menos o filho ela teria. Assim, não ficaria totalmente sozinha.

Quando voltou para casa no final do dia, estava com os pés doendo e o coração repleto de saudades. Depois de um jantar leve em frente à TV, tomou banho e deixou a água correr pela barriga, acariciando-a. Ainda não acreditava que estava grávi­da. Talvez, quando contasse a Joe, fosse mais fácil de se cons­cientizar. Isso é, se o visse de novo.

Antes de sair do banheiro, checou de novo o teste, como se tivesse a possibilidade de ter mudado. Mas não, estava mesmo grávida, feliz, mas ainda solitária. Antes de vestir a camisola, hesitou e observou os dois closets a sua frente. Dois armários de pessoas que coabitavam o mesmo espaço, mas pertencentes a mundos diferentes e praticamente vivendo vidas separadas.

Não era a primeira vez que abria o armário de Joe, que tinha levado sua roupa para lá assim que assinara a escritura da casa. Devagar, passou a mão pelos temos e camisas, detendo-se num autêntico roupão árabe. Nunca o tinha visto usar aquilo, mas podia imaginar que a roupa o deixaria irresistível.

Como uma esposa saudosa do marido, ela tirou o roupão do cabide, deixou cair a toalha e o vestiu sobre o corpo nu. O tecido áspero arranhou-lhe a pele e estava grande demais nas mangas e no comprimento. Mesmo assim, não o tirou de ime­diato para que a aura com o perfume dele não se esvaísse. Usar aquela roupa deixava a sensação de estarem mais perto, embora a milhas separados...

— Gostou do meu djellabah?

Fui pega, pensou ela assim que ouviu a voz forte de trás de si.

Demi teve uma breve impressão de que estava sonhando. Mas, ao se virar, encontrou Joe na porta do quarto, segurando a caixinha do teste de gravidez que ela havia esquecido sobre a pia do banheiro. Ali estava ele, lindo e intenso como sempre, porém não estava sorrindo; parecia até bravo.

— Não ouvi você chegar.

— Estou aqui desde o começo da tarde.

— Onde?

— No quarto que fiz de escritório. Meu computador foi entre­gue hoje enquanto você estava trabalhando.

E pensar que tinha preparado jantar e tomado banho sem suspeitar de nada. E ele sequer se importou em avisar que es­tava em casa.

— Há alguma coisa que queira me contar? — indagou ele, le­vantando a caixinha do teste.

— O teste foi positivo — ela contou, abraçando-se com frio.

E esperou pela reação dele, um sorriso, um abraço ou uma palavra qualquer. Mas ele continuava ali em pé, em silêncio e mal-humorado.

— Você não vai dizer nada? — exigiu Demi, impaciente por saber logo o que ele tinha achado da novidade.

— Estou contente com a notícia.

Contente? Mas só aquilo? O sorriso desapareceu do rosto dela.

— Estou feliz, esse é o momento mais maravilhoso da minha vida — acrescentou ele.

O comentário não a convenceu. Ela ansiava por um abraço, ou qualquer outra reação mais esfuziante.

— Preciso terminar de trabalhar. Estarei lá em cima se precisar.

Joe deu as costas e saiu do quarto, deixando-a só com o rou­pão, sentindo-se como tivesse levado uma flechada no coração. Procurou se convencer de que ele estava em choque, ou com medo, assim como ela.

No entanto, duvidava que existisse alguma coisa que ame­drontasse o sheik Joe Jonas-Saalem.


By Karoline Nunes....
Presente pela demora capitulo bônus ...
Beeeeeeeeeeijos suas lindas e lindos 

7 comentários:

  1. Nossa .. Joe ficou mega puto =/ tipo.. Com ela gravida nada de sexo pra ele kkk mas ela não tem culpa de engravidar logo de pimeira kkk tiaaaaaa quero logo Jemi apaixonados !!!

    Vc viu o TCA ??? A Demi sentou com o Nick e ele tocou bateria em MITUSA , mt lindosss e ela ficou de lero lero com o Joe <3 fotos Jonato ameeei

    posssta logooo tiaaa

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  2. Tiiiiiiia *---* Qe lindezas de capitulos, a cada dia qe passa fico mais apaixonada nessa fic !! Haha nao vejo a hora de ver dona Demi implorando por ser tocada pelo Joe kkkk Ta muito perfeito os capitulos ,aa eu li em algum dos capitulos qe essa fic vai ter Niley é vdd ??
    Bjocas da Mari Maricota (:

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  3. Tiaaaa finalmente posso comentarrr. Quer me matar com um cap desses? Ta perfeitooooooo. Vc como sempr arraza. Vc diva. Posta logooo. E trate d postar no outro tmb, louca pra ver a demi ma. Bjs. Love you. Iza.

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  4. Aaaa que perfeito 2 capítulo de uma vez,adorei <3
    Que fofo eles estão morando junto,
    Vish....acho que o joe ficou chocado por ser pai assim de repente...ele nem mostrou reação...mais no fundo deve ter, amado.
    Tá perfeito <3 <3
    Posta logooo
    Beijos

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  5. Não comentei no anterior por que tinha esse e bem...
    Não dava para saber qual era mais devi! *o*
    Meu Deus... Eu amei aquele "Hot"!
    Eles vão se apaixonar a vão sim senhora! kkkkkkkkk
    Joe agiu tão friamente que... Fiquei triste :(
    Mais eu sei que vai rolar alguma coisa muito boa, a Demi vai cobrar alguma reação a mais dele e posso prever que eles vão se agarrar! Eu sei disso kkkkkkkkkk >.< Mais mesmo que não tenha uma pegação eu vou gostar ok? Gente eu estou tão animada :D!
    Posta logoooooooooooo tia >.<

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  6. Cara, eu pensei que o Joe ia quase infartar de felicidade, mas ele reagiu desse jeito tão estranho... Eu já até sei o motivo kkkkkkk mas mesmo assim, né? Deixa ele! Duvido que não vai amolecer quando ouvir as batidas do coraçãozinho do neném u.u
    Aaaah vai ter Niley mesmo nessa fic? *o* Omg! Agora eu to mais ansiosa ainda! Kkkkk
    Posta logo!
    Beijos!

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  7. Sem sexo pro Joe kkkkk ta lindo esse capitulo , posta logoooo, quero jemi apaixonadoooos, e mais hot kkkkk

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