CAPÍTULO
NOVE
Assim que chegaram em
casa, Demi foi direto para o banheiro para se preparar para deitar. Durante a
viagem do restaurante até a casa, tinha percebido que Joe queria dizer algo,
mas permanecera em silêncio, como se estivesse remoendo alguma coisa. Ela não
fazia ideia da razão de tamanha melancolia.
No entanto, sabia muito
bem o que tinha alterado o seu humor. Confusão, pura e simples. Havia tanto o
que perguntar a ele, tanto o que dizer...
Quando saiu do
banheiro, encontrou Joe em pé, vestindo apenas a calças do pijama e com uma
expressão fechada no rosto.
— Você
prefere que eu durma no sofá? — perguntou ele, enquanto Demi abria a cama.
— E
por qual razão? — indagou ela, segurando a colcha.
— Acho que você ficará
mais confortável.
— A cama é grande, Joe.
Nem sei quando você está aqui.
Mentira deslavada. Demi
sabia muito bem se ele estava na cama ou não.
— Se é
assim...
— Tenho certeza — disse
ela, entrando na cama e batendo a mão no lençol, convidando-o.
Assim que Joe entrou na
cama, ela desligou o abajur. O quarto ficou escuro, iluminado apenas pela luz
do luar se infiltrando pelas frestas das portas balcão. Joe a puxou para si
como fazia sempre, encaixando-se por trás nas pernas dela e abraçando-a.
Apesar do silêncio, a
mente de Demi estava tumultuada, cheia de perguntas a fazer.
— Joe, você está
acordado?
— Sim.
— Como
você explica que duas pessoas tão diferentes quanto Phoebe e Daniel se
apaixonem?
— Acho
que não seja uma questão de escolha.
— Você
já esteve apaixonado? — Quando ele não respondeu de imediato, ela acrescentou:
— Sinto muito, isso não é da minha con...
— Uma
vez.
As palavras ecoaram no
quarto escuro. Demi apenas suspirou, sem saber o que dizer. Não queria
forçá-lo a falar, mas, pelo menos agora, sabia que ele era capaz de amar
alguém.
— Eu
era muito jovem e tolo — continuou ele espontaneamente. — Ela não era uma
nobre, por isso meu pai desaprovou nosso relacionamento. Eu estava disposto a
deixar minha herança e meu título por ela, mas ela optou por ficar com o
dinheiro que meu pai ofereceu e fugiu.
Pelo tom da voz dele
era possível saber o quanto lhe custava confessar.
— Você
deve ter sofrido bastante.
— Eu
sobrevivi. Deixei a empresa de meu pai logo depois disso e não nos falamos
desde então.
— Faz
quanto tempo?
— Quinze
anos.
Quinze anos!
— E
sua mãe?
— Ela morreu quando eu
ainda era criança.
De súbito, Demi se deu
conta de que Joe tinha passado a maior parte da vida adulta sem família. Pelo
menos ela tinha lido a sorte de reencontrar a sua.
— Você nunca considerou
fazer as pazes com seu pai?
— Não.
As únicas coisas com as quais ele se preocupa é a fortuna e o título. Mas fique
tranquila, não tratarei nosso filho com tanto desrespeito.
Mesmo antes de ele ter
dito isso, Demi sabia que ele seria um excelente pai.
— Ainda
acho que você devia falar com ele. Apesar do que ele fez, acredito que ainda o
ame. Afinal, você é filho dele.
— Meu
pai não sabe o significado do amor. Para ser sincero, eu também acho que não se
deve deixar levar pelas emoções. Prefiro que a razão direcione minha vida.
A esperança de Demi ser
amada começou a se esvair, sendo substituída pelo instinto de autoproteção.
— Bem,
talvez o amor não seja o que tanto propagam. Quem precisa dele, não é?
Ela precisava.
Em um primeiro momento,
Demi achou que tinha imaginado que ele havia afrouxado o abraço, mas, quando
ele se virou para o outro lado, ela percebeu o quanto a conversa o aborrecia.
— Você
o amava?
— Meu
pai?
— Não,
seu ex-noivo.
Houve uma época em que
ela acreditara que sim, mas estava enganada. Agora sabia que nunca sentira por
Carl o mesmo que experimentara por Joe. Sentimentos que teriam de ser postos de
lado.
— Acho que minha
relação com ele tinha muito mais a ver com conveniência do que com afeição,
apesar de eu achar que era amada. Morávamos em uma cidade pequena, com poucas oportunidades.
Na época, achei que o que ele oferecia era bom. Mas, quando percebi que ele
queria tomar posse da minha vida, recuei.
— Em
que sentido?
— Eu
queria abrir um escritório de decoração, mas ele queria que eu ficasse em casa
e fosse a esposa típica de um fazendeiro. Não podia viver com alguém que
ignorava meus sonhos.
Mais uma vez o silêncio
se interpôs entre eles, até Joe perguntar:
— Quais
são os seus sonhos, Demi?
Ao menos Joe tinha se
preocupado em saber, algo que Carl nunca quisera.
— Quero
ter um filho saudável e feliz.
Quero que você me ame.
Quando o pensamento invadiu a mente de Demi, ela percebeu o quanto ansiava pelo
amor dele. Entretanto, Joe havia se fechado para qualquer sentimento, portanto
suas chances eram mínimas.
— E
você? Quais são seus sonhos? — perguntou ela, disfarçando a melancolia.
— Prefiro
pensar em objetivos, e não em sonhos. Já alcancei muitos deles no trabalho.
Agora pretendo propiciar um lar seguro e estável para o nosso filho, com pais
trabalhando juntos para garantir que isso aconteça.
A resposta de Joe tinha
sido desprovida de qualquer emoção, extinguindo as esperanças de Demi. Na
verdade, ele nunca tinha prometido mais do que a paternidade, jamais mencionando
amor.
Demi colocou o braço
sobre os olhos na tentativa de esconder as lágrimas pela segunda vez naquela
noite. Mas então, quando julgava que tudo estava perdido, Joe procurou sua mão
e entrelaçou os dedos. Depois, a levou até a boca e beijou-os um a um.
— Que
você tenha doces sonhos, Demi.
Mas ela bem sabia que
isso não iria acontecer. O sonho de ler um casamento de verdade, algo que não
levara em consideração quando aceitara o acordo, estava se desmanchando.
— Você é Demi Saalem?
Pela segunda vez em tão
pouco tempo, alguém a confrontava, só que dessa vez era na porta de sua casa e
por um homem. Um estranho alto, esguio, muito bonito e com olhos tão azuis que
contrastavam com o cabelo escuro. Ele vestia um temo azul-marinho bem cortado e
tinha uma expressão contraída, o que a levou a concluir que a visita era para Joe.
Pena que ele tivesse saído para atender a alguns compromissos.
— Infelizmente,
meu marido não está em casa.
— Vim
falar com você.
— Ok,
mas quem é você? — indagou ela, franzindo o cenho.
— Nick
Conti.
Ótimo. Tudo o que
precisava naquela manhã era o namorado de Miley à sua porta, munido de
perguntas que não estava preparada para responder. Em vez de estender a mão,
ela o cumprimentou com um sorriso educado. No entanto, Nick não parecia estar
muito a fim de ser simpático.
— O
que posso fazer para ajudá-lo?
Nick passou a mão na
nuca e suspirou.
— Quero
falar com você sobre Miley.
Aquilo estava dentro do
esperado. Demi pensou em dizer que estava ocupada, mas acabou concluindo que só
estaria adiando o inevitável. Além disso, ele parecia muito angustiado e podia
apenas ouvi-lo. E era só isso o que pretendia.
Demi se afastou da
porta e o convidou para entrar com um gesto.
— Esteja
à vontade. — Depois de acompanhá-lo até a sala de estar, apontou para o sofá. —
Sente-se.
— Prefiro
ficar de pé. Quero saber onde está Miley.
— Ela
está de férias — Demi respondeu, fitando-o com as mãos cruzadas.
— Não acredito. Acho
que a família dela descobriu sobre nosso relacionamento e a mandou para longe,
para evitar que continuássemos juntos.
— Isso
não é verdade, Nick. Miley viajou por vontade própria. — Ao menos isso ela
podia revelar.
— Então
você sabe onde ela está.
Demi não ficou muito à
vontade tendo de esconder a verdade, ainda mais de alguém tão desesperado. Mas
jamais quebraria a promessa que tinha feito a Miley.
— Posso
garantir que ela está bem. Ela precisava de um tempo para repensar a vida. Só
isso.
— Preciso
saber onde ela está. Temos de conversar.
— Prometi
a Miley que não diria seu paradeiro a ninguém.
Nick passou os dedos
pelo cabelo e encarou Demi.
— E
como eu fico? Você acha justo que ela tenha me deixado apenas um bilhete de
despedida, sem nenhuma explicação?
A angústia dele cortou
o coração de Demi, mas estava de mãos atadas.
— O
que eu penso não é relevante, mas tenho de respeitar a vontade de Miley.
— Bem,
não importa se não me disser nada, vou encontrá-la custe o que custar. Mas você
podia facilitar minha vida contando onde ela está.
— Gostaria
de fazer algo por você, mas não posso.
Nick pegou os braços de
Demi com força e ela viu de perto a força da dor que o dominava.
— Estou
pedindo, por favor, que reconsidere. Você não tem nenhum pouco de compaixão?
— E
eu exijo que solte minha mulher.
Nick deixou os braços
penderem ao lado do corpo. Os dois olharam para trás e viram Joe parado à porta
da sala com os braços cruzados sobre o peito. Ele vestia a tradicional kaffieyeh, o que lhe conferia ares de
empresário, sem considerar o olhar ameaçador que dirigia a Demi e Nick.
— Não quero causar
nenhum problema para vocês. Já tenho o suficiente. — Nick encolheu os ombros e
puxou um cartão do bolso do casaco, estendendo-o a Demi. — Por favor, ligue se
mudar de ideia.
Nick passou por Joe,
murmurando um pedido de desculpas, deixando Demi sozinha para enfrentar a ira
do marido.
Ao ouvir a porta da
frente bater, ela se virou para Joe.
— O
que foi aquilo?
— Acho
que sou eu que tenho de perguntar. Qual é sua relação com aquele homem?
— Não
tem nada a ver com você.
— Ora,
entro em casa e vejo um homem segurando minha mulher e você quer que eu
acredite que não tenho nada a ver com isso?
— Você
acredita mesmo que eu deixaria um estranho entrar em casa? — indagou ela,
furiosa e com as mãos na cintura.
— Se
não é um estranho, então, quem é?
— Nick
Conti, namorado de Miley.
Joe não pareceu
surpreso pela revelação, mas continuava muito bravo.
— O
que ele queria com você?
— Ele
queria saber onde está Miley. Claro que eu não disse nada porque prometi a ela.
Por isso, pode se acalmar.
— Como
posso ter certeza de que ele não estava ameaçando você?
Demi forçou uma risada
sonora.
— Se
você não estivesse tão determinado a tirar conclusões precipitadas, teria
notado que Nick está sofrendo bastante. Ele está perdido sem ela.
— Só
sei que vi um homem segurando os braços de minha mulher — Joe se explicou, com
uma aparência um pouco mais relaxada.
— Bem,
agora você já sabe o que aconteceu — disse ela, ao mesmo tempo em que jogava o
cartão sobre a mesinha lateral.
—
Não gostei da sua atitude de entrar aqui feito um super-herói determinado a me
resgatar.
— Quando
cheguei aqui, eu... — Joe parou de falar abruptamente e virou a cabeça para o
lado. — Nada... não importa.
Demi sentiu uma
pontinha de satisfação.
— Você
estava com ciúmes, sheik Saalem?
Ele a fitou na mesma
hora e apertou os olhos.
— Ciúme
é uma emoção imprudente. Eu estava apenas preocupado com sua segurança.
— Imagino
que esteja certo. Você não ficou com ciúmes que alguém pudesse nos ver fazendo
amor na varanda.
— Se
eu soubesse que havia a possibilidade de que algum homem a visse nua, não
hesitaria em feri-lo bastante.
— E
mesmo? — Demi cruzou os braços e sorriu. — Então você não tem ciúmes? Ah, sim,
acredito que esse seja um sentimento inferior para um príncipe, não é?
Joe tirou a kaffieyh da cabeça e jogou-a no sofá.
— Minha
reação foi de um homem, e não de um príncipe.
— Alguém que estava
preocupado com a segurança da esposa, entendi. — Demi sentou-se em uma
poltrona e dobrou as pernas em cima da almofada. — Claro que qualquer marido
normal sentiria ciúmes, considerando que Nick Conti é um homem muito atraente.
Mas nada disso vale para você, uma vez que nosso casamento é só no papel.
— O
que quer de mim, Demi? — indagou ele, aproximando-se.
— A verdade.
— Qual
verdade?
— Que
você teve medo de eu ter arrumado um amante, diferente da esposa devotada do
capitão, ex-donos dessa casa. Ou então que receou não estar me dando o
suficiente, por isso precisei de outra pessoa.
Joe inclinou o corpo,
apoiando as mãos nos braços da poltrona dela.
— Você
não acha que estou lhe dando atenção suficiente?
— Para
dizer a verdade, você tem sido um amante considerável.
— Considerável
apenas? — indagou ele, mantendo-se a distância de um beijo do rosto dela.
A atração latente entre
os dois logo se fez presente, levando-os a sentir a temperatura do corpo subir.
— Acho que errei mesmo,
se é assim que nos descreve na cama. Talvez eu tenha que me esforçar para
provar que mereço um conceito maior.
Demi sabia que, se
travasse uma batalha verbal, mesmo sendo essa sua vontade no momento, acabaria
por perder. Talvez não fosse mesmo a melhor solução, visto que desejava muito
mais do que isso, por isso decidiu que o desafiaria.
— Muito
bem. Prove.
Ele se levantou de
súbito antes de responder:
— Eu
ficaria feliz em provar se você estivesse com vontade.
— E
você está sempre em alerta, não é? — indagou Demi, notando o volume atrás do
zíper da calça dele.
— Meu
estado atual não é precedente para o seu.
— Eu
estou me sentindo muito bem — disse ela, lançando um olhar desafiador, antes de
tirar a camiseta por cima da cabeça e ficar apenas de sutiã e jeans. — Você não
prefere descobrir por si mesmo?
Os olhos de Joe
expressavam tanto a indecisão quanto o desejo, mas ele continuou imóvel. Bem,
ao menos não tinha fugido.
Demi não se intimidou e
desceu o zíper da calça bem devagar, tirou uma perna depois da outra e jogou-a
no chão perto da camiseta. A vontade e a determinação de conseguir a atenção
dele regiam seus movimentos.
Joe acompanhava com o
olhar cada movimento sensual do corpo esguio de Demi.
— Tem
certeza de que não está interessado em descobrir? — perguntou ela, desfazendo o
laço de um dos lados da calcinha.
No segundo seguinte,
ele tirou a jaqueta, jogando-a longe e a puxou para si. Demi não se surpreendeu
quando foi tomada no colo, achando que seria levada para o quarto. Mas não esperava
ser colocada no sofá com as pernas afastadas e que ele se ajoelhasse a seus
pés.
Depois de passear com
os olhos pela intimidade dela, Joe abaixou e deleitou-se com o aroma dali,
passando a degustá-la com a língua. A cada movimento Demi experimentava uma
sensação avassaladora, acreditando que desmaiaria de tanto prazer. Quando Joe
inseriu os dedos em seu íntimo, ela achou que se afogaria naquele mar de
diferentes sensações. Mas nem ousou impedi-lo de continuar, muito menos freou o
clímax que veio em seguida em ondas de puro êxtase.
Quando a percebeu
satisfeita, Joe se levantou e a encarou com tanta intensidade quanto a tinha
beijado segundos antes.
— Sou
mais do que considerável agora?
Demi precisou de alguns
minutos para recuperar o fôlego antes de dizer:
— Ah,
sim, muito além — ela elogiou e ajoelhou-se na frente dele, baixando-lhe o
zíper da calça. — Acho que devo melhorar minha avaliação também.
Ao descobri-lo tão
rígido, ela se esqueceu de todas as inseguranças e o abocanhou com vontade,
sugando cada centímetro de pele. Traçou com a ponta da língua toda aquela
masculinidade túrgida, mas não teve tempo de fazer mais nada antes que ele lhe
segurasse a cabeça.
— Chega.
— Tem certeza?
— perguntou ela com um olhar sacana.
— Não.
No segundo seguinte
estavam engalfinhados no sofá, lutando para livrá-lo das roupas, com pressa de
se tomarem um só corpo. Enquanto a possuía, Joe a beijava com fulgor,
segurando-lhe os seios e apertando os mamilos. Parecia que um se alimentava do
outro, consumidos por um desejo sem limites. Era como se a paixão que os
ensandecia tivesse vida própria, sem nada que a impedisse de tomar o controle
soberano da situação.
De súbito, ele esticou
os braços ao lado do corpo dela e a fitou.
— Ainda
sou considerável?
— Até
que você está indo bem.
Mas ela não estava bem,
ansiava por um amor que não viria e, disposta a também levá-lo à loucura,
puxou-o para si pelo pescoço e o beijou fazendo a língua entrar e sair da boca
dele, como se estivesse simulando o ato sexual.
Em meio àquela fúria
toda, Demi teve a impressão de ter ouvido um caminhão estacionar em frente à
casa e ruídos de portas se abrindo e fechando.
De repente a realidade
a trouxe de volta daquela viagem alucinante, lembrando-a que os pedreiros
tinham chegado para trabalhar.
— Rápido
— alertou ela em um sussurro.
Joe levantou a cabeça,
ainda tenso por não ter atingido o clímax.
— Não.
— Os
homens chegaram e eu tinha destrancado a...
Ele a impediu de
continuar falando com um beijo profundo que a fez se esquecer dos ponteiros do
relógio e não ligar para quem pudesse encontrá-los, sucumbindo às seguidas
estocadas daquele corpo másculo.
A porta dos fundos se
abriu ao mesmo tempo em que Joe a induzia a abraçá-lo com as pernas, tocando-a
em seu ponto mais sensível, levando-a a mais um orgasmo inesperado.
O som de passos na casa
a fez se recuperar rapidamente. Em questão de segundos, ela saiu do sofá, pegou
a calça, a camiseta, mas não encontrou a calcinha. Sem se importar muito,
apressou-se em se vestir.
— Está
procurando por isto? — Joe indagou, balançando a calcinha no dedo indicador.
Demi puxou a peça da
mão dele e enfiou no bolso da calça.
— Vista-se
logo. Daqui a pouco eles vão entrar aqui.
Joe olhou para a porta
da cozinha.
— Se
eles não tiverem a decência de bater antes, então não devem se impressionar com
minha nudez.
Demi sentiu vontade de
rir quando o viu com a camisa amassada cobrindo-lhe o corpo até as coxas, a
gravata torta e o cabelo em total desalinho. Ele estava mais sexy do que nunca,
mas não havia mais tempo para parar e admirá-lo.
— Coloque
isto — ela pediu, jogando a calça e a cueca que tinha pegado no chão. Você pode
não estar muito preocupado com sua reputação, mas eu preciso trabalhar com
esses homens.
Joe obedeceu, mas em
seu ritmo próprio, bem devagar. Demorou a se levantar do sofá e vestir a
roupa. Enquanto isso, Demi terminou de se arrumar, tirou um elástico no pulso e
prendeu o cabelo em um rabo de cavalo.
Mesmo que já estivessem
apresentáveis, Demi sabia que, se alguém entrasse ali e reparasse em sua
expressão, perceberia na hora a aura da culpa.
Ela ainda teve tempo de
se conscientizar de que tinha dado vazão a seus desejos e se deixado levar pelo
encanto de Joe, mesmo sabendo o quanto isso lhe custaria emocionalmente. E o
quanto ainda iria enfraquecê-la se permitisse que aquelas cenas continuassem.
Tinha de ter sempre em
mente que o que acontecia com os dois nada tinha a ver com amor, pelo menos por
parte de Joe. Não podia esquecer também que, a cada vez, ele levava mais um
pedaço de seu coração.
— As
coisas não podem continuar assim — murmurou ela.
— E
como deveriam ser? — perguntou ele, enfiando a camisa para dentro da calça.
— Tínhamos
combinado que teríamos uma relação platônica.
— Você
disse isso, Demi, não eu. E como você explica ter me chamado para fazer amor?
— Mudei
de ideia. — Ele também, pelo jeito, tinha mudado, quando dissera ser incapaz de
amar de novo. — Isso não acontecerá de novo.
Joe estreitou a
distância entre eles e tomou as mãos dela.
— Mesmo
assim, você continua me procurando. Estou errado em atendê-la? Sou eu que
preciso ser forte por nós dois?
Demi percebeu que
estava errada em acreditar que talvez pudesse ser amada. Errada em achar que
poderia existir um sentimento maior entre eles além da forte atração física.
— Você
tem razão. A culpa é minha, mas nossa intimidade só complica as coisas. Preciso
estar sempre no controle da minha vida.
— Ao
contrário do seu ex-noivo, não tenho intenção nenhuma de dominá-la. Quero
apenas cuidar de você e do bebê.
Mais uma vez, nenhuma
menção aos sentimentos.
— Não
preciso de proteção. — Preciso do seu amor! — E isso não tem a ver com Carl. Há
alguns meses, minha vida estava totalmente fora de prumo. Não posso deixar
acontecer de novo.
— Você
continua sem entender minhas razões. Tudo o que fiz foi por preocupação com o
seu bem-estar.
Mas não por estar
apaixonado, pensou Demi.
— Temos de ter em mente
que assumimos esse casamento sabendo que não seria eterno.
— Foi
você que estabeleceu isso — murmurou ele, pegando o casaco do chão e dobrando-o
sobre o braço.
— Mesmo
assim, talvez seja necessário agir como tal. Não sou forte o suficiente para me
controlar com você dormindo ao meu lado.
Joe virou-se para sair,
mas não sem antes lançar um olhar frio para ela.
— Amanhã vou
providenciar minha mudança para outro quarto. Vou deixá-la acompanhada pelo seu
celibato. Espero que também respeite minha decisão.
Em outras palavras, não
me toque, Demi refletiu. Apesar de saber que seria melhor manterem-se
afastados, ouvi-lo verbalizar aquilo foi o mesmo que levar uma punhalada no
coração.
— Está
certo — disse ela, simulando confiança, mesmo quando estava morrendo por
dentro. — Se você prefere dormir em outro quarto, não vou perturbá-lo.
— Prefiro
que você... Não importa. Você já decidiu por nós dois — disse ele, girando
sobre os calcanhares e saindo da sala.
Sozinha, Demi colocou
as mãos sobre o ventre, tentando se lembrar da razão que a tinha levado a
estabelecer um acordo de casamento. Se bem que, quando se separassem, ela teria
o bebê para se lembrar de Joe. Uma criança que os manteria ligados pelo resto
da vida.
Será que tinha cometido
um erro? Não. O coração dilacerado daquele momento não era razão suficiente
para se arrepender de ter Joe em sua vida, como pai de seu filho. A maior preocupação,
no entanto, era de não ter sido forte o suficiente para não amá-lo.
Mais tarde, Demi foi
para o quarto e se deitou, sozinha. Tinha passado a manhã toda lidando com o
empreiteiro e os pedreiros, que estavam quase terminando a reforma da cozinha.
Dali seguiriam para o quarto do bebê, mas não antes de ela escolher o papel de
parede do catálogo infantil.
Seria ótimo se pudesse
incluir Joe no processo, mas, desde o último encontro, ele tinha ficado recluso
em seu escritório, saindo apenas para buscar comida e levar o prato para cima.
Foram inúmeras as vezes em que ela parou diante da porta, prestes a bater e
perguntar se ele não queria acompanhar as obras. Mas o orgulho a impediu de dar
o braço a torcer. Joe tinha dito que não queria ser perturbado, e assim seria,
independente do quanto a afetasse.
Para não explodir, decidiu
se distrair conversando com uma amiga. Miley. Tinha mesmo de contar sobre a
visita surpresa de Nick. Além disso, já fazia algum tempo que tinha ligado para
falar sobre a gravidez e sobre sua ausência na sorveteria.
Depois de tirar o fone
do gancho, Demi discou o número da família Calderone com a esperança de Miley
atender. Amava Louis e Magdalene, mas os dois falavam demais, e ela não estava
com humor bom para responder muitas perguntas. Como eles a conheciam bem, iriam
perceber que havia algo errado pelo seu tom de voz.
— Alô?
Por sorte, Miley
atendeu ao segundo toque.
— Como
estão as coisas aí em Montana? — Demi perguntou, fingindo uma alegria que soou
falsa até em seus ouvidos.
— Demi!
Que bom ouvir sua voz.
— É um
prazer ouvi-la também. Como está se sentindo?
— Grávida
e sozinha — Miley respondeu.
— Eu
sei o que é isso.
— Você
não está com a voz boa, está deprimida?
— Um
pouco triste.
— Quer
conversar a respeito?
— Isso
é parte do motivo de eu estar telefonando. Mas antes, quero que saiba que Mimi
está dando conta de administrar a Cyrusssa. Nós nos falamos várias vezes por
dia.
— Eu
já lhe disse, Demi, que entendo que precise de uns dias de folga. Mimi trabalha
na sorveteria faz muito tempo e pode resolver tudo sozinha na nossa ausência.
— Obrigada,
Miley. Preciso lhe contar algo sobre sua situação também.
— A família já sabe
onde estou — disse Miley, entrando em pânico.
— Ainda não, pelo menos
que eu saiba. Mas é apenas uma questão de tempo antes que Nick descubra.
— Como?
— Ele
veio me visitar, mas eu disse que não diria nada porque tinha prometido a você
e garanti que você viajou por vontade própria. Ele achou que sua família tinha
descoberto sobre vocês dois e mandado você para longe.
— Ele
disse mais alguma coisa?
— Apenas que iria
encontrá-la de qualquer jeito.
Miley soltou um longo
suspiro ao fone.
— Não
posso impedi-lo de tentar. Quem sabe ele não desiste antes de me encontrar.
— Você
tem certeza de que não é isso que quer?
— Já
não sei mais o que quero. Não me entenda mal, a família Calderone tem sido
maravilhosa. Achei que estando longe poderia decidir as coisas, mas estou mais
confusa.
— Tomara
que você consiga resolver logo. Steve está bem magoado.
— Eu
sei, mas preciso levar uma porção de coisas em consideração.
— Eu
também. Acho que essa confusão toda deve ser por causa da lua cheia ou algo de
família, pois estamos no mesmo barco.
— Então,
esse seu mau humor é por causa de Joe.
— Digamos
que sim.
— Você
está gostando dele, não é?
Demi não ficou chocada
por Miley tê-la decifrado tão bem.
— Sim,
como uma tola. Estou totalmente apaixonada.
— Isso
é ótimo, Demi. — Miley parecia ter ficado muito feliz.
— Não
é, não.
— Por
quê?
— Porque
ele nunca me amará da mesma forma.
— Ele
lhe disse isso? — perguntou Miley, em choque.
— Não com todas as letras,
mas ele teve uma experiência ruim com outra mulher no passado e decidiu que não
se deixar mais levar pelo coração. Eu pensava da mesma forma, até conhecê-lo.
— As pessoas mudam, Demi.
— Eu
gostaria muito de acreditar nisso, mas Joe é muito firme em seus propósitos. E
é superprotetor quando o assunto sou eu. Você sabe como me sinto a esse
respeito, não é?
— Sei,
sim, mas lembre-se de que talvez sua história com Carl esteja interferindo no
seu julgamento. Fico pensando se tomar conta de você não é a maneira de Joe amar.
Você sabe como são os homens, para eles não é fácil verbalizar os sentimentos.
Eu aposto que o que está atrapalhando vocês dois é o orgulho.
Será que seria esse o
caso? Será que Joe também estava lutando contra seus sentimentos? Isso era quase
inconcebível.
— Talvez
você esteja certa, mas tenho medo de ter esperanças.
— É
muito assustador amar. Alguém tem de dar o primeiro passo.
Claro que tinha de ser
ela, concluiu Demi.
— Eu
pensei seriamente em dizer a ele o quanto o amo, mas tivemos uma briga hoje
cedo e ele está bravo comigo. Cheguei a dizer que não queria mais nenhuma
intimidade entre nós. Desde então estamos sem nos falar.
— Ah, Demi. Lamento
muito. Mas você devia engolir um pouco desse orgulho dos Cyrus e confessar seu
amor a ele. Qual a pior coisa que poderia acontecer?
— Ele
pode me rejeitar. Acho que eu não suportaria.
— Tem
certeza de que ele não está achando o mesmo que você?
Demi sabia que o havia
rejeitado de várias formas. Reagira contra a preocupação dele, contra seus
próprios sentimentos, ao menos tinha tentado, mas sem muito sucesso. Lágrimas
brotaram em seus olhos e correram livremente por seu rosto.
— Você
deve estar certa, Miley — disse, disfarçando a voz de choro. — Não sei o que
fazer agora.
— Eu sei de uma receita
infalível. Saia amanhã e compre uma lingerie bem sensual e ingredientes para um
jantar íntimo a dois. Não se esqueça das velas. Prepare a comida, vista a lingerie,
ou não vista nada e aguarde...
Demi começou a rir por
entre as lágrimas.
— E
uma boa ideia.
— Claro
que é. Você está diante da oportunidade de passar o resto da vida ao lado do
homem que ama. Pouca gente tem essa chance.
— Acho que você e Nick
também merecem ser felizes — disse Demi, sentindo remorso.
— Não
se preocupe comigo. Quero ter certeza de que você não desperdiçará essa
oportunidade. Como dizem, não se ganha nada sem arriscar.
As palavras de Miley
faziam todo sentido. Demi lembrou que tinha assumido o risco quando se mudara
para Boston. Se não tivesse vindo, não conheceria Miley, a nova família e a
chance de ter uma vida nova com um filho e Joe, um homem por quem valeria a
pena arriscar.
Respirando fundo e com
um sorriso no rosto, decidiu que se abriria com ele na noite seguinte, contaria
que o amava e que queria que o casamento desse certo. E talvez, se tivesse
sorte, ouviria também uma declaração de amor. Caso contrário, tentaria
convencê-lo de que a vida não valia a pena sem amor.
Gatinhas voltei,tô gostando de ver os comentários heim...
EU ADORO! EU ME AMARRO
Bom esse eo penúltimo capitulo,sempre fico com saudade de uma fan fic minha,mais terá a próxima eu prometo...
Assim que eu terminar essa fic eu vou retomar as atividades lá no meu blog kkkkkkkk
Vou postar minha nova fic hehehe Love Villain uma Demi muito má vem por ai kkkkkkk
E uma one short TCA-Um minuto para o fim do mundo...
Muito planos espero dar conta de tudo...
Obrigadas as princesas : MARIANE*-*,GIULIANNA,ALESSANDRADEMI,DOCE IZA,JUJUBA E MARICOTA...
Vocês são especiais espero que saibam disso...
Se comentarem muito eu posto o ultimo ainda hoje...
Beeeeeeeeeeeijos
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Niley *--* Haha dona Miley falando de arriscar e tals mais não faz o mesmo né kkk
ResponderExcluirTia ta lindo, perfeito , divoo , maravilhoso e tudo mais esse cap :D Nem creio qe ja ta acabando essa fic :/ Gosto tanto dela, quero so ver a reação do Joe e da Demi quando souberem que amam e sao correspondidos *-*
Bjocas da Mari Maricota
Adorei :)))
ResponderExcluirAAAAAA POSTA LOGO PELO AMOR DE DEUS, QUER ME MATAR , postaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa lloooooogoooooooooooooooooooo, posta posta
ResponderExcluirposta posta posta
ResponderExcluiraiiii posta logo, to mt curiosa
ResponderExcluirai meu Deus pq parar ai hein posta logo kk
ResponderExcluirA-D-O-R-E-I !!! PUTZ , A MILEY É UMA ÓTIMA CONSELHEIRA =) EU QUERO UMA DESSAS PRA MIM !
ResponderExcluirAI AI , POSSSSSSSSSSSSSSTA HOJEE SIM!
O.M.G NÃO ACREDITO...
ResponderExcluirJÁ TÁ ACABANDO =(
MAIS TÁ UM ARRASO,TO ACHANDO QUE O JOE AMA A DEMI DA MESMA FORMA QUE ELA AMA ELE...E SÓ O ORGULHO MESMO...E O MEDO U.U
TÁ TUDO MAGNÍFICO
PODE ME CHAMAR SÓ DE ALE LINDA *-* POSTA LOGOOO ,NÃO DEMORA
BEIJOS
Ow..
ResponderExcluirJá ta acabandoo??
Não acreditooo..
Bubu,..
:'(
ahhhhhhhhh..
Posta Sim...u.u
Beijoo
s2